sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Quando você encontra a sua metade e a perde é como se perdesse a si mesmo por completo.(Nick Farewell)


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Costuma-se pensar que quem escreve muito é facilmente decifrado. Acredita-se que a vida está inteiramente exposta nos rascunhos e que basta uma leitura rápida para conhecer parte por parte do autor. Digo o contrário. Podem revirar minhas linhas, que não encontrarão nada muito satisfatório. Estou presente em todas, é claro. Ainda mais quando se escreve mais de coração do que de mente. Ou quando se derrama em cada frase quase tão abertamente. Mas, ouça, há muito mais no que eu não digo. Repara, minhas entrelinhas são bem mais extensas que qualquer trecho meu já publicado. Escrever pede cuidado, não se pode jogar-se num ventilador assim tão fácil, porque logo a gente se perde entre as palavras e nunca mais consegue se achar. E todo mundo pode nos conhecer tão rapidamente como se conhece o gosto de um doce. Não importa o quanto eu me permita transparecer, sou muito mais do que descrevo. Mesmo nos mais introspectivos trechos, eu me escondo, oculto fatos, diminuo o tamanho da dor, a extensão da felicidade. Não preciso gritar do que gosto para que continue gostando. Não necessito mostrar o quão profunda sou para que continue sendo. Eu sou! independente do que eu diga. Quem me lê, pode me entender, pode identificar-se, saber um pouco sobre mim, mas nunca viverá na minha pele para conhecer-me realmente. Quem escreve pode dizer muito, mas pouco explica. O real, o sentimento verdade que gerou certa explosão de palavras, só é conhecido por dentro daquele que sentiu. O fato, que após traduzido em sílabas, ganha centenas de significados entre os quais pode, sim, haver semelhança com a realidade, mas quem é que sabe? Quem é que entende? Quem o viveu. Sou isso o que podem ver, mas também sou muito além. Me oculto nas entrelinhas mais do que me permito aparecer nos parágrafos. Não preciso transparecer para ser. Isso não é sobre quem diz mais, é sobre quem fecha o caderno de anotações e sai para viver cada letra escrita